A pontuação bibliométrica, que mede o impacto das pesquisas e a relevância de publicações científicas, também passa a ser um critério para avaliar a excelência hospitalar.
O Brasil aparece em destaque com 115 instituições mencionadas, entre elas o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP), único hospital público brasileiro na lista global. De uma forma geral, a América Latina vem ganhando espaço e o Brasil lidera esse avanço. Dos participantes da região, 57% são brasileiros.
Estreando no ranking, o Hospital do Coração (Hcor) integra a elite dos 250 melhores do mundo ao lado de hospitais como o NYU Langone Tisch Hospital (EUA) e o Gleneagles Hospital Kuala Lumpur (Malásia). Além disso, algumas instituições tiveram grande ascensão em relação a 2024, como o Keck Hospital of USC (EUA) e o Virginia Mason Medical Center (EUA), além do Bumrungrad International Hospital (Tailândia) e do St. Bartholomew’s Hospital (Inglaterra), que registraram avanços significativos. De acordo com a publicação norte-americana, essas inclusões refletem a evolução dinâmica da excelência em saúde, impulsionada por inovações no atendimento e um foco crescente nos resultados dos pacientes.
“Esses rankings destacam os hospitais que estão definindo o padrão de excelência médica, inovação e atendimento centrado no paciente em nível global”, afirmou Alexis Kayser, editora de saúde da Newsweek. “Ao incorporar novas métricas de qualidade e resultados relatados por pacientes, a lista deste ano oferece uma visão ainda mais abrangente das instituições que lideram o setor. Temos orgulho em reconhecer os hospitais que estão causando um impacto real no bem-estar dos pacientes e impulsionando o futuro da medicina.”

Os pilares por trás do ranking mundial de hospitais
Responsável por uma das metodologias mais respeitadas do setor, a Statista trouxe avanços importantes para a edição 2025 do ranking World’s Best Hospitals, elaborado em parceria com a revista Newsweek. Em entrevista exclusiva à Medicina S/A, a analista sênior da empresa de análise de dados, Judith Reincke-Schmidt, explica os critérios da avaliação internacional e destaca a importância crescente de indicadores como qualidade assistencial, experiência do paciente e produção científica.
“A lista é baseada em quatro fontes principais de dados”, explica Reincke-Schmidt. “Primeiro, contamos com recomendações diretas de profissionais da saúde – médicos, enfermeiros e diretores hospitalares de 30 países, totalizando mais de 85 mil convidados. Em segundo lugar, analisamos a experiência dos pacientes por meio de pesquisas públicas. O terceiro pilar são as métricas de qualidade hospitalar e, por fim, a implementação das PROMs, as Medidas de Desfecho Reportadas pelo Paciente.”
A análise atual revela que as PROMs vêm ganhando protagonismo. Segundo Judith, a implementação foi incorporada aos rankings como um reflexo da crescente importância da medicina baseada em valor no panorama hospitalar global. As PROMs são definidas como questionários-padrão validados e preenchidos diretamente pelos pacientes para refletir sua percepção acerca do estado da própria saúde, e oferecem uma avaliação mais completa sobre os impactos físicos, mentais e sociais dos tratamentos, além da simples taxa de sobrevivência. “O propósito é entender como os pacientes se sentem após o tratamento e como isso influencia a qualidade de vida. Nos últimos anos, esse aspecto se tornou essencial para os sistemas de saúde ao redor do mundo.”
Para refletir essa tendência, a edição 2025 aumentou o peso das métricas qualitativas e da implementação das PROMs no modelo de pontuação. O ranking também passou a considerar novas certificações internacionais e fontes de dados ampliadas, como o VIKZ, da Bélgica, e o LUP, da Dinamarca. Além disso, uma novidade relevante é a inclusão da pontuação bibliométrica na lista Global Top 250.
“Essa pontuação mede a reputação científica de cada instituição com base em indicadores objetivos, como o índice h, número de citações e volume de publicações científicas”, detalha Reincke-Schmidt. “Os dados foram obtidos por meio do Exaly.com, uma base especializada em cienciometria. Dessa forma, buscamos incorporar ao ranking uma avaliação que vá além da percepção dos especialistas.”
A metodologia é atualizada anualmente. “Antes de cada edição, avaliamos novos países com base em critérios como padrão de vida, expectativa de vida, número de hospitais e disponibilidade de dados”, afirma a analista. “É assim que determinamos quais nações têm condições de integrar a lista.”
Os avanços de alguns hospitais no ranking também chamam a atenção. De acordo com Judith, essa evolução pode ocorrer por uma combinação de fatores: “Melhorias nas métricas de qualidade, reconhecimento mais consolidado, experiências positivas dos pacientes e ampliação das acreditações e PROMs. Mas vale lembrar que o modelo de pontuação é complexo, e não é possível atribuir a ascensão a um único fator.”
Entre os 250 melhores hospitais do mundo, aponta Reincke-Schmidt, aqueles que se destacam compartilham características comuns: “Eles possuem padrões de cuidado muito elevados, resultados clínicos excelentes, segurança para os pacientes e reconhecimento internacional. Além disso, têm presença relevante na produção científica e são constantemente recomendados por profissionais de saúde de diversos países.”
Apesar da evolução na coleta de dados, ainda existem desafios. “A principal barreira é a disponibilidade de informações padronizadas entre os países. Nem todos os sistemas de saúde oferecem dados públicos confiáveis. Por isso, usamos apenas informações transparentes e verificáveis. Onde os dados são frágeis ou inconsistentes, optamos por não incluí-los.”
Para os gestores hospitalares, os rankings representam mais do que uma classificação. “Eles oferecem insights valiosos para o aprimoramento da gestão”, afirma Reincke-Schmidt. “Servem como parâmetro para comparar práticas, analisar indicadores e implementar melhorias, com foco em segurança do paciente, qualidade assistencial e desfechos clínicos.”
A tecnologia, embora não seja medida diretamente, também exerce influência indireta. “A inovação médica impacta a qualidade dos cuidados, fortalece a reputação dos hospitais e melhora seus indicadores. Tanto que, além do ranking geral, a Newsweek e a Statista mantêm o levantamento dos Melhores Hospitais Inteligentes do Mundo, dedicado à tecnologia em saúde.”
Quanto ao futuro, Judith Reincke-Schmidt antecipa: “A tendência é aprofundar o foco em métricas qualitativas e na saúde baseada em valor. Mas ainda é cedo para definir as mudanças que virão na edição de 2026”.

Destaques da Edição
Conheça 15 instituições brasileiras que se destacaram no Ranking dos Melhores Hospitais do Mundo 2025, da Newsweek, com iniciativas que estão transformando a assistência médica, promovendo a inovação e fortalecendo o cuidado centrado no paciente no País.