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A necessidade de atualização de protocolos e tratamento para Púrpura Trombocitopênica Imune

Por Artur Saldanha - CRM: 7457-AL

Com um nome complicado e pouco conhecida pela população em geral, a Púrpura Trombocitopênica Imune (PTI), é uma condição autoimune em que o próprio corpo ataca as plaquetas, células responsáveis pela coagulação, e compromete o seu nível, podendo causar hemorragias¹. Uma pessoa saudável tem em média 150 mil plaquetas e quem é acometido pela doença pode chegar a 10 mil, o que causa muita fadiga e petéquias - pequenas manchas roxas pelo corpo².

De acordo com estudos internacionais, a incidência da doença é de 1,6 até 2,7 a cada 100 mil casos por ano, com predominância entre mulheres jovens e novo aumento conforme a idade a partir dos 60 anos. 

É classificada a depender de sua duração: recém diagnosticada tendo até 3 meses de doença, persistente, de 3 a 12 meses de doença, ou crônica, com duração acima de 1 ano. Atinge a população adulta e infantil¹.

No Brasil, enfrentamos grandes dificuldades no tratamento da doença pela falta de estudos locais e, consequentemente, dados sobre a doença que levem em conta a realidade e as particularidades do nosso país. Temos literatura referenciada nos Estados Unidos e Europa, mas a falta de pesquisas e estudos da doença impede que Protocolos Clínicos e Diretrizes de Tratamentos (PCDT) avancem e apresentem inovações no seu tratamento, uma vez que esses foram construídos com base em fármacos mais antigos e direcionados para outros públicos³.

Por se tratar, muitas vezes, de uma doença crônica, os pacientes com PTI podem conviver por longos períodos com seus sintomas, enquanto o tratamento não é atualizado com frequência. A primeira linha de tratamento do PCDT recomenda o uso de corticoides, que, como sabemos, podem causar complicações adicionais, como diabetes, hipertensão, catarata e osteoporose, quando administrados por tempo prolongado. Podendo resultar em um aumento dos custos para o Sistema Único de Saúde (SUS) ou para a saúde privada. Já na segunda linha, ainda pesa a falta de atualização e de medicações que não atendem tão bem as necessidades desse paciente, por oferecer taxas de respostas baixas e efeitos adversos limitantes.

Como estamos falando de uma condição muito heterogênea, acredito que o ideal é oferecer o máximo de opções terapêuticas possíveis, para que o médico possa selecionar a abordagem que melhor se adapte à vida do paciente – e que pode variar muito de acordo com sua localidade, perfil econômico e social. Seja um tratamento subcutâneo, oral ou até mesmo cirúrgico, é fundamental que tenhamos rotas ágeis para acessar todas essas opções, especialmente se o paciente preferir ou não puder utilizar medicamentos de forma contínua.

Uma ferramenta fundamental para a atualização de protocolos é a consulta pública, um instrumento de participação popular que visa discutir novos fármacos e tratamentos disponíveis no mercado e que se adequem mais à rotina de quem convive com a PTI. A participação da classe médica nesse processo é indispensável porque é o profissional quem acompanha os principais desafios do tratamento, que, basicamente, é realizado seguindo linhas terapêuticas e baseando-se na chance e tempo de resposta. Como um médico que tem a possibilidade de atuar no Sistema Único de Saúde (SUS) e também na rede privada, defendo que os pacientes precisam de mais opções de tratamento disponíveis para que possam segui-lo sem impactos maiores dos que os já causados pela doença.

Outro ponto que pode fazer toda a diferença na qualidade de vida do paciente é termos rotas de acesso multidisciplinar, uma rede de apoio que vá além do acompanhamento do hematologista, de uma forma estruturada e que atenda bem quem é acometido pela doença, independentemente da região que ele viva, seja via SUS ou plano de saúde.

Mas, para que isso aconteça e seja de fato escalonado no país inteiro, é necessário criarmos um ecossistema que se baseie em mais pesquisas de tratamentos e respostas considerando a população brasileira, maior conscientização e empatia com quem convive com PTI e melhorar a participação de médicos e profissionais de saúde  em consultas públicas a fim de ampliar o acesso a novas terapias.

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*Artur Saldanha é médico hematologista e hemoterapeuta no Hospital Memorial Arthur Ramos / Rede D’or. Atua também como hematologista no Hemocentro de Alagoas (HEMOAL) e Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA). É formado pela Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas.

Referências

¹ – Neunert C et al. Blood. The American Society of Hematology 2011 evidence-based practice guideline for immune thrombocytopenia 2011 Apr 21;117(16):4190–207. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21325604/ (Acesso em 18/09/2024)

² – Abrahamson, P. E. et al. The incidence of idiopathic thrombocytopenic purpura among adults: a population-based study and literature review. Eur J Haematol., [s.l.], v. 83, n. 2, p. 83-89, 2009

³ – Ministério da Saúde – Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Púrpura Trombocitopênica Idiopática. 2020. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/publicacoes_ms/pcdt_prpura-trombocitopnica-idioptica_isbn_19-08-2020.pdf (Acesso em 18/09/2024)

⁴ – Do Nascimento, A. C. K. V. et al. Patterns of care and burden of chronic idiopathic thrombocytopenic purpura in Brazil. J Med Econ., [s.l.], v. 20, n. 8, p. 884-892, aug. 2017.

⁵ – Provan, D. et al. International consensus report on the investigation and management of primary imune  Thrombocytopenia. Blood, [s.l.], v. 115, n. 2, p. 168-186, 2010.

⁶ – Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – Perguntas Frequentes – Pergunta 16  – Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/acesso-a-informacao/perguntas-frequentes               (Acesso em  18/09/2024)

SC-BRA-NP-00860 | Aprovado em setembro de 2024 | Material informativo e institucional sobre a Amgen Brasil destinado ao público leigo.

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