Engenheiro eletricista formado pela PUC-RS, Magnus edificou um legado de soluções tecnológicas. Com sede no Rio Grande do Sul e uma planta operacional em Recife (PE), a MV registrou um faturamento estimado de R$ 638 milhões em 2024 e projeta alcançar R$ 1 bilhão até 2027. Em 2020, a companhia foi avaliada em R$ 4 bilhões e opera atualmente com uma margem líquida de 25%, destinando outros 25% às pesquisas, ao desenvolvimento e às aquisições. Além da MV, Paulo estruturou um ecossistema de saúde composto por 12 empresas integradas, com foco em soluções digitais e medicina preventiva.

Criada em 1987, a MV expandiu sua atuação para além das fronteiras brasileiras e já está presente em 11 países, incluindo Angola, Peru, Panamá, Uruguai e Argentina. No Brasil, a empresa responde pela gestão de mais de 1.400 hospitais e 178 mil leitos, com soluções que impactam diretamente a vida de 100 milhões de brasileiros.

Visão estratégica e espírito inovador

Para contar em detalhes sua trajetória, o executivo lançou a biografia A distância do sonho, escrita pela jornalista e escritora Silvia Bessa. A obra destaca um percurso marcado por desafios e episódios inusitados — entre eles, o desenvolvimento de um dos seus produtos com a Apple, no Vale do Silício. Além da jornada pessoal, a obra também oferece reflexões sobre gestão, inovação e o papel social das healthtechs no novo cenário da economia da saúde.

Reconhecido por sua visão estratégica e espírito inovador, Paulo tem um objetivo claro para a saúde digital do país: “Minha meta pessoal é deixar a saúde do Brasil 100% digital até 2035”. Ele está convicto de que o futuro da saúde será totalmente digital e a inteligência artificial será o pilar central da medicina, possibilitando diagnósticos mais rápidos, tratamentos mais precisos e um cuidado cada vez mais personalizado. Com a IA incorporada em todos os setores da saúde, o executivo acredita que ela será um grande acelerador para a transformação digital.  No futuro, a automação se expandirá para todo o setor: “A IA será fundamental na preditividade da saúde”.

As pessoas no centro do cuidado é outro princípio defendido por Paulo Magnus. Para ele, uma das principais mudanças será o empoderamento do paciente. Hoje, os atendimentos médicos dependem da interação presencial e da interpretação dos profissionais. Dentro de alguns anos, a lógica será invertida: “Quando um paciente chegar a um consultório, terá em mãos um conjunto completo de dados clínicos coletados por sensores, dispositivos inteligentes e históricos eletrônicos. A televisão, o relógio ou mesmo aparelhos inteligentes em casa terão captado seus sinais vitais, monitorado padrões e a analisado possíveis anomalias”.

Como parte desse cenário, a inteligência artificial terá processado essas informações e sugerido diagnósticos com base em milhões de casos similares. O papel do médico deixará de ser a descoberta da doença. Caberá a ele o papel de um conselheiro terapêutico, orientando o paciente sobre qual é o melhor tratamento e qual profissional deve executar o procedimento necessário. “Isso não significa a substituição do médico, mas resultará na ampliação da capacidade de análise e tomada de decisão, tornando a medicina mais segura e eficiente.”

A proposta que Paulo emprega é para que a digitalização impacte não apenas o cuidado com o paciente como de toda a estrutura administrativa da saúde. Processos burocráticos, que hoje consomem tempo e recursos, serão automatizados, liberando profissionais para manter o foco no cuidado ao paciente.

Para alcançar a tão sonhada transformação digital, o CEO da MV destaca que não medirá esforços para catequizar gestores, entes públicos e atores do setor que possam influir ou acelerar esse desafio não só no Brasil, mas no mundo.

Qual a distância até um sonho? É possível dimensioná-la? Paulo responde: “Sim, é possível. A distância do sonho pode ser medida através da energia que você coloca para alcançá-lo. Para vencer, é preciso dar o sangue, ser persistente e determinado. Poder e liderança exigem muito sacrifício e disponibilidade”.