EDIÇÃO DIGITAL

Inside | Medicina personalizada

Medicina personalizada deve transformar modelo assistencial

Estudo do IESS aponta potencial de até R$ 25 bilhões anuais de economia na saúde suplementar

A adoção da medicina personalizada baseada em genômica pode transformar profundamente o modelo assistencial da saúde suplementar brasileira, com impacto direto na sustentabilidade e nos resultados clínicos, indica a nova edição da série Caminhos da Saúde Suplementar: Perspectivas 2035, do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS). O estudo projeta que a incorporação coordenada de tecnologias de precisão pode gerar economia potencial de R$ 15 bilhões a R$ 25 bilhões ao ano, impulsionada por diagnósticos mais precisos, terapias otimizadas, prevenção personalizada de doenças crônicas e expansão do cuidado domiciliar estruturado.

Para José Cechin, superintendente executivo do IESS, a área vive um ponto de virada. “A medicina personalizada tem capacidade real de reorganizar o sistema, permitindo que o setor ofereça cuidado mais eficiente, mais seguro e mais sustentável. Estamos diante de uma mudança estrutural na forma como tratamos, prevenimos e acompanhamos as doenças.”

Segundo o relatório, a medicina personalizada já apresenta evidências robustas de benefício em áreas como oncologia, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Em câncer, a precisão terapêutica pode elevar as taxas de resposta de 25% a 30% para 60% a 75%, enquanto na cardiologia a abordagem personalizada reduz 25% a 35% dos eventos maiores. A nutrigenômica — área que relaciona variações genéticas às respostas nutricionais — demonstrou reduzir em 71% a incidência de diabetes tipo 2 em intervenções baseadas no perfil genético individual. 

O avanço tecnológico também tem sido determinante para viabilizar essa transição. O custo do sequenciamento do genoma completo caiu de US$ 3 bilhões em 2003 para menos de US$ 1.000 em 2023, abrindo espaço para uso populacional, tanto em prevenção quanto em estratificação de risco. A farmacogenômica, por sua vez, já mostra resultados imediatos, com redução de 30% a 50% dos eventos adversos medicamentosos e economia anual média de US$ 5.535 por beneficiário em programas estruturados.

Cechin destaca o potencial econômico dessa mudança: “Ao reduzir complicações evitáveis, ajustar o tratamento ao perfil genético e permitir intervenções mais precoces, a medicina personalizada não apenas melhora o desfecho dos pacientes como reduz desperdícios. É uma combinação rara em saúde: melhores resultados com menor custo”.

A desospitalização também aparece como elemento central da reorganização assistencial. Iniciativas internacionais de “Hospital at Home” mostram reduções expressivas de custos (32%), tempo de internação (33%) e readmissões em 30 dias (58%). Embora experiências iniciais na saúde suplementar brasileira indiquem resultados promissores, apenas 12–15% das operadoras mantêm programas estruturados de cuidado domiciliar, segundo o estudo.

A incorporação integrada de saúde digital — incluindo monitoramento remoto, inteligência artificial e telemedicina — é apontada como habilitadora estratégica da medicina personalizada. Dispositivos de monitoramento contínuo, combinados a algoritmos preditivos, já são capazes de identificar deterioração clínica com até 84% de acurácia, possibilitando intervenções precoces e redução de hospitalizações. 

Apesar do potencial, o IESS ressalta que o avanço da medicina personalizada enfrenta desafios regulatórios, tecnológicos e educacionais. Entre eles, lacunas na legislação brasileira para dados genômicos, ausência de um marco de não discriminação genética, limitações de infraestrutura tecnológica e baixa capacitação profissional — apenas uma parcela reduzida dos médicos se considera apta a interpretar testes genéticos.

Para acelerar essa transição até 2035, o estudo propõe quatro pilares estratégicos: infraestrutura genômica compartilhada, programa nacional de nutrigenômica aplicada, expansão estruturada da desospitalização e modelos de remuneração baseados em valor, com reinvestimento das economias obtidas em inovação e ampliação do acesso.

Faça o download gratuito da edição 32 e confira todas as matérias da edição.

Anúncios, cases de produtos e serviços e informações sobre as próximas edições,
fale com a nossa equipe em [email protected].

Sobre

A Medicina S/A é a mais importante revista de negócios, gestão e liderança do setor médico-hospitalar no Brasil. Com alto padrão editorial, nosso conteúdo apresenta os mais recentes e importantes avanços em Inovação, Tecnologia e Boas Práticas em Saúde. Compartilhamos a visão de empresas, instituições e profissionais que estão transformando o mercado de healthcare.

Damos valor à sua privacidade

Nós e os nossos parceiros armazenamos ou acedemos a informações dos dispositivos, tais como cookies, e processamos dados pessoais, tais como identificadores exclusivos e informações padrão enviadas pelos dispositivos, para as finalidades descritas abaixo. Poderá clicar para consentir o processamento por nossa parte e pela parte dos nossos parceiros para tais finalidades. Em alternativa, poderá clicar para recusar o consentimento, ou aceder a informações mais pormenorizadas e alterar as suas preferências antes de dar consentimento. As suas preferências serão aplicadas apenas a este website.

Cookies estritamente necessários

Estes cookies são necessários para que o website funcione e não podem ser desligados nos nossos sistemas. Normalmente, eles só são configurados em resposta a ações levadas a cabo por si e que correspondem a uma solicitação de serviços, tais como definir as suas preferências de privacidade, iniciar sessão ou preencher formulários. Pode configurar o seu navegador para bloquear ou alertá-lo(a) sobre esses cookies, mas algumas partes do website não funcionarão. Estes cookies não armazenam qualquer informação pessoal identificável.

Cookies de desempenho

Estes cookies permitem-nos contar visitas e fontes de tráfego, para que possamos medir e melhorar o desempenho do nosso website. Eles ajudam-nos a saber quais são as páginas mais e menos populares e a ver como os visitantes se movimentam pelo website. Todas as informações recolhidas por estes cookies são agregadas e, por conseguinte, anónimas. Se não permitir estes cookies, não saberemos quando visitou o nosso site.

Cookies de funcionalidade

Estes cookies permitem que o site forneça uma funcionalidade e personalização melhoradas. Podem ser estabelecidos por nós ou por fornecedores externos cujos serviços adicionámos às nossas páginas. Se não permitir estes cookies algumas destas funcionalidades, ou mesmo todas, podem não atuar corretamente.

Cookies de publicidade

Estes cookies podem ser estabelecidos através do nosso site pelos nossos parceiros de publicidade. Podem ser usados por essas empresas para construir um perfil sobre os seus interesses e mostrar-lhe anúncios relevantes em outros websites. Eles não armazenam diretamente informações pessoais, mas são baseados na identificação exclusiva do seu navegador e dispositivo de internet. Se não permitir estes cookies, terá menos publicidade direcionada.

Visite as nossas páginas de Políticas de privacidade e Termos e condições.

Importante: A Medicina S/A usa cookies para personalizar conteúdo e anúncios, para melhorar sua experiência em nosso site. Ao continuar, você aceitará o uso. Veja nossa Política de Privacidade.