Sem necessidade de anestesia geral ou local, o Jada também permite que se evitem medidas cirúrgicas mais agressivas, como a histerectomia, para remoção do útero em estado de atonia. Em todo o mundo, a HPP é responsável por quase um terço das mortes maternas. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, a hemorragia pós-parto foi a segunda causa de mortalidade materna no triênio de 2019 a 2021, com 107,53 mães mortas a cada 100 mil nascidos vivos.
O desempenho do Jada no Brasil confirma a expectativa quanto ao seu uso. Nos EUA, um estudo realizado com 800 mulheres com HPP em 16 hospitais apontou eficácia no controle do sangramento, de maneira rápida, em 92,5% dos casos ocorridos em partos normais e em 83,7% em cesarianas. Os resultados foram publicados pela Obstetrics & Gynecology, revista oficial da associação de obstetras e ginecologistas nos EUA. Ainda que incipiente no Brasil, o uso do Jada tem sido utilizado com bons resultados por aqui.
A HPP decorrente da atonia uterina pode ser controlada com medicamentos desde que o diagnóstico e o tratamento sejam realizados rapidamente. Ainda assim, nem sempre o sangramento pode ser contido. Em 70% dos casos, de acordo com a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia, a HPP é causada por atonia uterina — quando o órgão não se contrai após o nascimento do bebê — e representa riscos de anemia, necessidade de transfusão de sangue, retirada do útero e até de morte.
“A importância do Sistema Jada se dá quando o protocolo de diagnóstico e tratamento da HPP, mesmo sendo aplicado de maneira correta, não surte efeito e o útero em atonia continua promovendo um sangramento grave que pode levar a paciente a perda de seu útero ou até mesmo a óbito, em situações mais graves,” explica o diretor médico associado da Organon, Tiago Almeida. “O uso do Jada após a falha dessa terapia medicamentosa visa a promover a contração uterina de imediato com controle do sangramento, preservação do útero e da vida da paciente”.
Mais vantagens
No Brasil, o Jada vem sendo utilizado em hospitais desde novembro do ano passado, logo após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária ter liberado o seu uso. O dispositivo também pode contribuir para redução de transfusões sanguíneas graças ao controle rápido dos sangramentos e de internações em unidades de terapia intensiva, assim como o tempo de hospitalização, e, consequentemente, o risco de se contrair infecções.
“A HPP chega a ser responsável por cerca de 25 a 30% das mortes maternas no mundo e é a segunda causa de morte da mãe no Brasil, sendo que a maioria poderia ser evitada”, lamenta Tiago Almeida.
Por aqui, todos os casos de aplicação do Jada foram bem-sucedidos e as pacientes tiveram o sangramento controlado em instantes. “No Brasil, já temos 12 casos de sucesso com o uso do Jada. Em todos eles, as pacientes tiveram o sangramento rapidamente controlado, de modo que seus úteros foram preservados. Ainda não temos estudos clínicos com pacientes brasileiras, mas o que observamos aqui está alinhado com os dados de literatura que mostraram uma taxa de eficácia do Jada no controle do sangramento de 92,5% nos casos de parto normal e de 83,7% nos de parto cesárea”, conta o executivo.
“A experiência com o Jada tem sido amplamente positiva. Nossos obstetras relatam que o dispositivo tem sido eficaz no controle rápido da HPP, proporcionando maior segurança tanto para as pacientes quanto para as equipes médicas”, explica o obstetra Eduardo Cordioli, diretor-médico Grupo Santa Joana, que inclui o Hospital e Maternidade Santa Joana, referência em atendimentos a recém-nascidos e partos de alto risco em São Paulo, e um dos pioneiros na adoção do Jada no Brasil. “Para os obstetras, o Jada representa uma ferramenta crucial no arsenal contra a HPP. Sua capacidade de agir rapidamente pode salvar vidas, reduzir complicações e diminuir o estresse associado ao gerenciamento de emergências obstétricas”.
Embora ainda não existam estudos clínicos específicos com brasileiras, Tiago Almeida observa que os resultados locais estão de acordo com os dados internacionais, demonstrando a segurança do método: “O Jada é um sistema seguro para a paciente. A taxa de eventos adversos, no estudo de vida real, com 800 pacientes, foi de 1,1%, e o principal evento foi a endometrite, condição que está relacionada à manipulação da cavidade uterina com qualquer tipo de dispositivo”.
SUS
Os resultados relativos à eficácia do Jada constatados pela Organon em pacientes norte-americanas e brasileiras apontam para benefícios que poderiam ser ampliados para a rede pública. Almeida cita que, se adotado pelo SUS, o dispositivo ajudaria a reduzir custos e riscos para gestantes.
“O uso adequado do Sistema Jada pode ajudar a diminuir as taxas de transfusão de sangue, histerectomia e internação em UTIs, o que irá contribuir para redução da morte materna por atonia uterina. Isso é fundamental para o sistema público de saúde visto que sangue e hemoderivados são insumos caros e escassos, e há uma alta demanda de leitos de UTI na rede pública de saúde”, explica Tiago.
“A adoção em massa do Jada poderia revolucionar o manejo da HPP nos hospitais. Os benefícios incluem redução das taxas de mortalidade e morbidade materna, diminuição de custos associados a tratamentos prolongados e procedimentos invasivos, além de aprimorar a qualidade geral do atendimento obstétrico”, comenta Eduardo Cordioli, do Grupo Santa Joana.
Indicações de uso
O Jada é indicado apenas para atonia uterina. Estudos clínicos demonstram que a contração uterina é obtida, em média, em um minuto, com controle de sangramento entre três e cinco minutos em partos normais e cesarianas. O diretor médico associado da Organon destaca também a comparação de eficácia entre o Jada e outros métodos para contenção de hemorragias, como o balão de tamponamento e a própria histerectomia.
“Não existem estudos comparativos diretos entre os dois dispositivos. Entretanto, quando avaliamos os estudos isoladamente, o tempo total de uso do sistema a vácuo foi de 3 a 4,6 horas. Já o do balão de tamponamento é de 12 a 24 horas. O diferencial do Sistema Jada é que ele promove a preservação do útero e garante a fertilidade futura dessa paciente, enquanto a histerectomia compromete em definitivo o futuro reprodutivo dela, além de expô-la a inúmeros riscos e complicações relacionados à retirada do útero em caráter de emergência”, conta ele.
“Diferentemente de métodos tradicionais, ele oferece um controle mais rápido e menos invasivo da hemorragia, com menor desconforto para a paciente”, complementa Eduardo Cordioli.
Bem-estar
O diretor-médico do Grupo Santa Joana também destaca o aumento de bem-estar para as mamães: “O uso do Jada contribui significativamente para a segurança e o bem-estar das pacientes. Ao controlar rapidamente a hemorragia, reduz o risco de complicações graves, diminui a necessidade de transfusões sanguíneas e promove uma recuperação mais tranquila. As pacientes geralmente experimentam uma recuperação mais rápida. Em muitos cenários, há uma diminuição significativa no período de hospitalização”.
Tiago Almeida vai além em relação à importância do dispositivo para mães e filhos: “Significa combater a segunda principal causa de morte materna, significa preservar a fertilidade da mulher ao reduzir as taxas de histerectomia puerperal. Significa garantir que um filho não perca sua mãe no momento de seu parto e garantir a estrutura familiar que gira em torno dessa mulher”.