É a primeira plataforma de Pós-Graduação focada em ensino digital para a comunidade médica-científica no país, resultado de um projeto bem-sucedido e idealizado pelo time de inteligência educacional do Grupo Educar Mais, considerado uma das principais holdings de educação do País. Já formou mais de 50 mil profissionais, e hoje é responsável pela administração da área de formação da startup.

A EBRAMED conta ainda com a supervisão técnica-científica do diretor acadêmico, o cardiologista Dr. Leonardo Jorge Cordeiro de Paula. Com o propósito de oferecer excelência na formação médica com o que há de mais atual em tecnologia para a saúde, anunciou recentemente novas parcerias e convênios com clínicas e hospitais em São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Distrito Federal, Bahia, Rio Grande do Norte, Amazonas, Mato Grosso e Rio de Janeiro, no total já são mais de 500 locais conveniados para experiência prática.

Atualmente, a startup conta com 120 colaboradores, dos quais 87 são da equipe médica, docentes que atuam em hospitais reconhecidos nacionalmente. Com dois anos de operação, já passaram pela EBRAMED mais de 3,5 mil médicos nos cursos de extensão e atualmente são 830 alunos nos cursos de pós-graduação, um média atual de 300 novas matrículas por mês. Até o final do ano, projetam impactar cerca de 30 mil alunos na pós-graduação, cursos de extensão, cursos rápidos e palestras.

Nos Estados Unidos, são mais de 200 hospitais conveniados para que o aluno possa participar do programa de práticas avançadas no exterior. Optando pelos programas americanos, os alunos têm a possibilidade de aplicar ao United States Medical Licensing Examination (USMLE) – um exame de múltiplas etapas pelo qual o médico é obrigado a passar antes de ser autorizado a exercer a profissão no país.

Em entrevista à Medicina S/A, Marcus Tatagiba fala sobre os planos de atuação e operação da EBRAMED, tanto no Brasil quanto no exterior e de que forma pretende impactar a saúde.

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Medicina S/A: O cenário brasileiro é favorável para disseminar o uso da telemedicina?

Marcus Tatagiba: É sim. O Ministério da Saúde, por meio do ministro Marcelo Queiroga, assinou uma portaria que regulamenta e impulsiona a telemedicina no sistema de saúde, o SUS. Com isso, há o potencial de interiorizar e democratizar de forma rápida e eficiente o acesso à médicos pela população em todas as regiões do Brasil.

Atendimento pré-clínico, suporte assistencial, consultas, monitoramento e diagnósticos ficarão mais acessíveis por conta da facilidade tecnológica e pelo potencial que a telemedicina tem de agregar uma grande quantidade de médicos que hoje estão fora do SUS e longe das áreas mais carentes.

O Brasil é celeiro para a formação de grandes profissionais da saúde, isso já é consenso. São mais de 500 mil médicos formados, aproximadamente 64% têm o título de especialista. Para 2030, a perspectiva é ainda maior: é esperado que esse número ultrapasse os 800 mil. É o que aponta o estudo realizado pelo CFM – Conselho Federal de Medicina, em parceria com a Universidade de São Paulo. Só em 2021, durante o pico do covid-19, mais de 24 mil novos médicos se formaram.

Especificamente na área médica existem mais oportunidades profissionais do que médicos disponíveis. O Brasil tem 2,4 profissionais para cada mil habitantes, superior à população do Japão, por exemplo, e próxima de países como Estados Unidos (2,6), Canadá (2,7) e Reino Unido (2,8). Em muitos países considerados desenvolvidos, este número está na faixa de 4 por mil habitantes.

Medicina S/A: O que o fez criar a Ebramed? Qual o propósito da escola?

Marcus Tatagiba: Possibilitamos a qualificação continuada de profissionais que estão distantes dos centros tradicionais de formação médica. Propomos que a rotina de estudo seja escolhida pelo aluno, assim ele não fica refém de uma metodologia que imponha horário e locais. Isso é feito por meio de metodologias de ensino no formato digital, que conseguem simular e oferecer práticas, como teletrabalho e simulações realísticas, aliadas ao programa de práticas descentralizadas em hospitais e clínicas conveniadas próximos aos locais mais convenientes para os alunos.

Medicina S/A: Com a regulamentação da telemedicina, a escola foi beneficiada?

Marcus Tatagiba: A telemedicina teve início no Brasil em 1994 por meio do Tele Eletrocardiograma, quando eram realizados laudos de eletrocardiogramas de repouso a distância por um médico especialista. Ao longo dos anos, a ferramenta foi se aperfeiçoando e se espalhando pelas diversas áreas da medicina. Assim, a partir de 2010, começou a ser utilizada por entidades de saúde para ofertar serviços médicos diretos, como segunda opinião e auxílio diagnóstico para hospitais e clínicas que não possuíam especialistas à disposição.

Após dez anos, em 2020, tivemos uma regulamentação robusta para a atuação médica por meio da telemedicina, autorizando o atendimento completo de pacientes por parte dos médicos que utilizam a ferramenta. A partir desse imenso ganho, a EBRAMED pôde instituir o treinamento prático com atendimento monitorado e acompanhado por preceptor de pacientes com as mais diversas patologias clínicas. Tudo isso, para colocar em prática todo o conteúdo teórico aprendido nos módulos das nossas pós-graduações, diferentemente de outras escolas que disponibilizam pequena carga horária de atendimento de pacientes.

Medicina S/A: Na sua opinião, a teleconsulta veio para democratizar e descentralizar a prática médica?

Marcus Tatagiba: Sim, vivemos em um país continental e os médicos ficam polarizados e centralizados em grandes cidades e centros. Mas, com o desenvolvimento e crescimento da telemedicina e teleconsulta, basta ter um sinal de internet, uma aba de navegador e, idealmente uma câmera para que um profissional especialista e gabaritado possa chegar aos confins do Brasil, levando não só qualidade técnica para atendimento de pacientes, como também de ensino.

Medicina S/A: O ensino digital é mais efetivo do que as aulas presenciais?

Marcus Tatagiba: Vislumbramos que a efetividade do ensino não se encontra na modalidade de oferta e, sim, nas metodologias utilizadas e na autonomia do aluno em buscar o conhecimento. O ensino digital apresenta vários benefícios aos que optam pela formação nesta modalidade: flexibilidade de tempo, já que o aluno estuda de onde estiver e na hora que tiver disponibilidade, redução de custos com transporte, alimentação, vestuário, material didático, entre outros.

A IES oferece todo o subsídio necessário para aprendizagem. Por meio das tecnologias, é possível ter interação entre alunos e docentes de qualquer lugar do Brasil e do Mundo. Podemos dizer que o ensino digital ganhou asas e velocidade, especialmente com a pandemia, onde o mundo todo precisou rever seus conceitos e adaptar-se às novas realidades do mundo digital.

Além disso, as aulas presenciais são a forma clássica de ensinar e compartilhar as informações e dados que levam à formação profissional. Porém, nesta modalidade de ensino, dado a grande quantidade habitual de alunos no mesmo espaço físico, fica difícil garantir que todos prestem atenção e absorvam o conteúdo fornecido. As dúvidas não são tiradas em sala de aula, acabam ficando sem respostas e, assim, o aluno precisa buscar em outras fontes tais respostas. Já com o ensino digital conseguimos estabelecer uma relação individual com o aluno, não só fornecendo um conteúdo muito completo, mas também de forma muito interativa.

Medicina S/A: Com a pandemia, cresceu a demanda por especialização?

Marcus Tatagiba: Sim, tivemos uma demanda aumentada por profissionais de saúde, médicos e multiprofissionais, além de especialistas em determinadas patologias e órgãos. A partir das principais plataformas que disponibilizam atendimento por telemedicina, vemos que a cardiologia foi a especialidade mais acionada e a que mais cresceu na pandemia, seguido pela pediatria, a clínica médica, pneumologia (muito ligada ao coronavírus) e a ginecologia. Todas essas especialidades já são muito procuradas por médicos no momento de sua especialização, até por abrangerem patologias muito comuns na população em geral.

Medicina S/A: Em termos de tecnologia, o que é oferecido pela escola e podemos destacar?

Marcus Tatagiba: Sala de aula virtual personalizada, ensino de telemedicina, simulação realística e telerradiologia, plataforma de gerenciamento acadêmico. A EBRAMED busca sempre estar em dia com o que é de mais atual em dispositivos tecnológicos para agregar na formação e aprendizagem dos alunos que estudam conosco. Temos uma plataforma de ensino de última geração onde, por meio da gamificação do conteúdo e alto grau de interatividade nas aulas disponibilizadas, é possível navegar de forma fluida.

Além disso, temos uma carga considerável de simulação realística virtual com atores humanos e, também, avatares graficamente criados, para um alto nível de treinamento e sedimentação prática do conteúdo aprendido. Contamos também com um sistema de resolução rápida de dúvidas, no qual os alunos possuem tutores em tempo real e professores em alerta.

Medicina S/A: Quais são as próximas ações da EBRAMED, para inovação do ensino e prática médica?

Marcus Tatagiba: A EBRAMED desenvolveu uma plataforma chamada MD.Play e iniciou a implementação em mais de 100 hospitais neste semestre. Alguns diferenciais são trilhas de ensino e conteúdos customizados para cada aluno, de acordo com o perfil de conhecimento e necessidades do local que trabalha, possui ferramentas colaborativas de conhecimento entre médicos e hospitais e possibilidade prática profissional através da telemedicina. A MD.Play contempla mais de 10 áreas de especialização, abordadas através de 3.200 aulas e casos, em constante atualização e expansão.

Estamos também avançados nos estudos para especialização em Cirurgia Robótica e implementação de atividades práticas e trabalho com uso da telecirurgia, metaverso, para criação de simulações de ensino, que abordam questões como assertividade, controle de ansiedade e frustrações, bem como tecnologias que agregam maior automação e agilidade no ensino e trabalho médico através da IA e realidade virtual, são alguns exemplos.

Medicina S/A: Qual o impacto atual estimado das ações da EBRAMED na vida dos pacientes?

Marcus Tatagiba: Em todos os cursos de Pós Graduação um dos primeiros recursos disponibilizados para os alunos é uma plataforma completa de gestão e trabalho via telemedicina. Eles atendem atualmente cerca de 7 mil pacientes por mês, uma estimativa de 100 mil consultas até o final do ano.

Medicina S/A: Na sua opinião, qual o futuro da medicina no Brasil?

Marcus Tatagiba: Como já mencionei, estamos em um país sendo continental e há uma clara necessidade de termos profissionais de saúde espalhados pelos quatro cantos. Porém, temos uma alta concentração de médicos e demais profissionais de saúde nas regiões mais ricas e desenvolvidas do país, em detrimento daquelas partes do país menos favorecidas e afastadas.

Por conta dessa realidade, nos últimos anos temos visto a abertura frequente de novas escolas médicas, onde muitas delas carecem de qualidade de corpo docente e estrutura de treinamento prático para formação de profissionais médicos com qualidade mínima aceitável. Além disso, muitos profissionais já qualificados não querem migrar para essas regiões mais remotas. Por isso, bato na tecla da necessidade de ofertar ensino de qualidade aos profissionais que já estão próximos às cidades e povoados afastados. Democratizando o ensino de qualidade, enxergo um futuro onde a população terá mais acesso aos serviços de saúde, sendo essa a maior beneficiada.