Camille Miguel, diretora de tecnologia e inovação da Clariens Educação (holding educacional especializada em instituições de ensino superior na área da saúde), afirma que a IA já é parte integrante da infraestrutura do ensino. “A inteligência artificial está redefinindo o ensino médico, tornando-o mais dinâmico e alinhado à prática clínica contemporânea. Os algoritmos adaptativos permitem identificar lacunas de aprendizagem, ajustar conteúdos e construir trilhas que respeitam o ritmo do estudante”, destaca.

Camille também acredita que a IA desempenha papel central na criação de ambientes simulados mais realistas. “Hoje, conseguimos recriar cenários clínicos complexos com apoio de realidade virtual e aumentada, permitindo que o estudante teste condutas, entenda riscos e pratique procedimentos de forma segura antes de chegar ao paciente real”, ressalta.

A aposta da Clariens na IA vem também da necessidade de gerar confiança no uso dessas ferramentas. Segundo o Future Health Index 2025, da Philips, 85% dos profissionais de saúde brasileiros acreditam que a IA pode melhorar os resultados dos pacientes (índice acima da média global). Porém, o mesmo relatório aponta que muitos ainda enxergam riscos e não têm plena segurança sobre sua aplicação. Isso reforça o motivo pelo qual a abordagem da instituição vai além de adotar tecnologia: o foco é formar médicos capazes de usar IA com domínio técnico e senso crítico.

Humanização como eixo essencial

Se a tecnologia ganha espaço na formação, a essência humana da medicina permanece imprescindível. O equilíbrio entre esses dois pilares é um princípio pedagógico indispensável da Clariens.

“Mostramos ao estudante, desde o primeiro período, que a relação com o paciente é insubstituível: o toque, a conversa, a escuta da história, a compreensão da realidade individual de cada pessoa”, afirma André Nazar, diretor de operações acadêmicas da Clariens Educação.

Para ele, a inteligência artificial pode auxiliar na análise de informações, mas não substitui o olhar do médico. “É muito mais do que consultar uma receita pronta em um sistema. A aplicação do conhecimento para aquela família ou aquela comunidade depende de uma análise humana equilibrada”, completa.

Ensino integrado 

Um ponto central dessa transformação é a capacidade da tecnologia de aproximar o estudante da prática. As iniciativas da Clariens vão desde laboratórios virtuais com IA até o uso de dados reais de saúde, preparando estudantes para interpretar evidências e conduzir teleconsultas.

A instituição também investe constantemente na formação docente. “Nada acontece se o professor não enxergar a tecnologia como aliada. Por isso, priorizamos também a capacitação contínua e a governança responsável das ferramentas”, destaca Nazar.

O futuro em construção

Com as novas DCNs exigindo conteúdos como inteligência artificial, simulação, telemedicina e robótica, a Clariens afirma já estar adiantada no processo de implantação. Disciplinas obrigatórias e optativas abordam IA aplicada à medicina, análise de dados e saúde digital. O desafio é equilibrar inovação, ética e humanização. E, para André Nazar, essa equação já tem resposta: “A tecnologia é uma aliada poderosa, mas o ser humano continuará sendo o protagonista, aquele que interpreta, decide e cuida”, conclui.

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