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Pesquisa

CEOs de Saúde acreditam em mudança a partir da tecnologia

CEO Survey mostra que 65% dos executivos brasileiros afirmam que a IA generativa melhorará a qualidade dos produtos ou serviços em suas empresas.

As mudanças tecnológicas e a regulamentação governamental são os principais fatores de mudança para a criação de valor no setor de saúde do Brasil nos próximos três anos. Eis uma das tendências apontadas pela 27ª edição da CEO Survey, pesquisa anual da PwC, que neste ano ouviu mais de 4,7 mil executivos em mais de 100 países, incluindo o Brasil. 

Considerando apenas respostas de "muito" ou "extremamente" impactantes, 68% dos CEOs do setor de saúde no Brasil indicaram que a tecnologia impactará seus negócios no próximo triênio. Nos últimos cinco anos, esse foi um fator de mudança apontado por apenas 48% dos respondentes. 

Outro fator de impacto indicado pela pesquisa são as regulamentações governamentais: para 58% dos líderes de saúde no Brasil, elas também serão fatores de transformação do setor nos próximos anos, enquanto o impacto nos últimos cinco anos foi de 45%.

“O setor de saúde engloba os segmentos hospitalar, das seguradoras e das farmacêuticas, todos eles são diretamente impactados por regulamentações governamentais no Brasil, por isso as respostas dos CEOs brasileiros trazem esse impacto, inclusive maior que o impacto dessas regulamentações quando avaliamos a média global”, avalia Bruno Porto, sócio da PwC Brasil e líder para o setor de saúde.

Em 2024, a Global CEO Survey também traz um otimismo maior entre os líderes do setor de saúde no Brasil: 61% acreditam no crescimento da geração de receitas das próprias empresas nos próximos 12 meses. Quando perguntados sobre o contexto nos próximos três anos, o percentual sobe para 77%. É possível ver um otimismo semelhante no setor quando os executivos avaliam as perspectivas de crescimento global e do próprio país. Para 42% dos CEOs de saúde no Brasil e 44% no mundo, a expectativa é de aceleração da economia global nos próximos 12 meses. A título de comparação, 45% da média global entre todos os setores acreditam em uma desaceleração da economia.

Quando os brasileiros olham para o mercado interno, o percentual de quem acredita em uma aceleração econômica nos próximos meses sobe para 48%, enquanto a média no país para demais setores é de 36%. “A realidade da saúde pelo mundo é completamente diferente do Brasil, existe um mix que é afetado pelas especificidades de cada país, mas aqui há um aumento de receita do setor, inclusive para os próximos três anos, mais otimista que o global”, completa Bruno Porto.

Desafio da reinvenção

Mesmo com o cenário de otimismo, os líderes do setor se preparam para mudanças no modelo de negócios, principalmente como consequência de avanços tecnológicos, regulação e ações da concorrência. A disrupção tecnológica, as mudanças climáticas e outras megatendências globais em aceleração continuam a forçar os CEOs a se adaptar em todos os segmentos. Na saúde não é diferente.

Isso gera uma inquietação entre os CEOs em relação à sustentabilidade dos seus negócios: 41% dos brasileiros (45% no mundo) duvidam que, na trajetória atual, suas empresas se manterão viáveis além da próxima década – um aumento em relação ao ano passado. No setor de saúde, essa tendência também está presente nos resultados da pesquisa: 42% dos CEOs do setor acreditam que seus negócios não serão economicamente viáveis por mais de 10 anos, em comparação com 27% no ano passado.

Os CEOs também estão se esforçando para adaptar suas empresas às novas condições do mercado. No setor de saúde no Brasil, a pesquisa revela que o desenvolvimento de novos produtos ou serviços (65%), a formação de parcerias estratégicas (55%), a adoção de novas tecnologias (52%) e o desenvolvimento interno de uma nova tecnologia (42%), entre outras iniciativas, foram as ações que tiveram mais impacto na reinvenção dos negócios.

Oportunidades e desafios da IA

A disrupção tecnológica e a utilização da inteligência artificial, especialmente da IA generativa no setor de saúde, são alguns dos pontos de atenção da pesquisa. Isso porque a adoção dessa tecnologia no setor de saúde no Brasil e a adaptação da estratégia tecnológica para lidar com a inovação que ela representa estão acima do registrado no recorte global do setor.

Considerando os próximos 12 meses, as expectativas em relação à IA generativa são bastante positivas e semelhantes nos três recortes. Nos próximos três anos, espera-se que o impacto dessa tecnologia seja ainda maior.

Nos últimos 12 meses, 32% dos CEOs de saúde no Brasil mudaram a estratégia de tecnologia de suas empresas por causa da IA generativa. Um percentual acima da média global do setor, de 25%. Além disso, 29% dos respondentes brasileiros afirmam que a IA generativa já foi adotada em toda a empresa, enquanto a média global para o setor é de 26%.

Para os próximos 12 meses, 65% dos respondentes da indústria de saúde no Brasil afirmam que a IA generativa melhorará a qualidade dos produtos e serviços de suas empresas, e 52% acreditam que essa tecnologia aumentará a capacidade das empresas em gerar confiança com os stakeholders.

Os desafios são ainda maiores nos próximos 3 anos, indicam os líderes do setor de saúde. Para 81% deles, a IA generativa exigirá que a maior parte da sua força de trabalho desenvolva novas habilidades. Além disso, 77% acreditam que essa nova tecnologia também aumentará a intensidade competitiva do setor.

Principais ameaças

Além dos fatores e megatendências de transformação do setor, a pesquisa da PwC também busca entender o que os CEOs indicam como principais obstáculos para o setor a curto e médio prazos. Na indústria de saúde, tanto no Brasil como no mundo, o ambiente regulatório é apontado como o principal inibidor da reinvenção (no mínimo, de forma moderada) — um resultado acima da média brasileira. Em seguida, vêm as prioridades operacionais concorrentes, principal inibidor na média das indústrias brasileiras.

“Muitas restrições percebidas à reinvenção recaem diretamente na esfera de influência do CEO. Processos burocráticos, prioridades operacionais concorrentes, recursos financeiros limitados, competências da força de trabalho e recursos tecnológicos estão sujeitos a alguma intervenção dos CEOs, como também a eficiência, que é uma área de preocupação para muitos líderes”, comenta Bruno Porto.

Crescimento em outros países

Em relação aos mercados considerados mais relevantes para o crescimento, a indústria de saúde no Brasil segue a média de todas as indústrias no país: Estados Unidos e China aparecem no topo da lista. Para os líderes da indústria de saúde no mundo, o Brasil, que em 2023 dividia o quinto lugar com França e Japão, já não aparece entre os cinco principais mercados. Estados Unidos e Alemanha seguem nas duas primeiras posições.

Para os líderes brasileiros do setor, os Estados Unidos também aparecem no topo. A China divide a segunda posição com Canadá, que sequer estava entre os cinco primeiros em 2023, e México, que ocupava a quarta posição. Argentina e Colômbia, que também não apareciam entre os cinco primeiros, vêm na sequência, seguidos pela Alemanha, que caiu da terceira para a quinta posição.

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