Pedro Shiozawa, médico psiquiatra e cofundador da Great People Mental Health (GPMH), e Andy Bookas, cofundador e CEO da Telavita, compartilham dados inéditos e apontam ações que podem orientar organizações na gestão dos riscos psicossociais previstos na NR-1.

De forma geral, quais são os fatores mais comuns de risco psicossocial no ambiente de trabalho?

Pedro Shiozawa: As principais queixas variam conforme o perfil dos times e a área de atuação da empresa, mas alguns fatores aparecem de forma recorrente: sobrecarga de tarefas, jornadas longas, assédio moral, insegurança no emprego e falta de apoio da liderança. Relatórios recentes da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmam que esses elementos estão entre os maiores preditores de sofrimento mental no trabalho.

Isso tem se confirmado com as principais queixas reveladas na aplicação dos mapeamentos?

Andy Bookas: Na Telavita, aplicamos o COPSOQ (Copenhagen Psychosocial Questionnaire) em empresas de diferentes setores. Entre os 27 fatores avaliados, dois se destacaram como os mais críticos: em primeiro lugar, exigências emocionais em 58,8% dos casos, com sobrecarga, crise ou pressões emocionais intensas, e burnout, ansiedade e exaustão mental; em segundo lugar, em 46,3% dos casos, insegurança laboral, com instabilidade e medo de perder o emprego, o que gera ansiedade e compromete o engajamento e a confiança.

O que pode ser feito para prevenir e reduzir esses riscos no dia a dia?

Andy Bookas: Na nossa experiência, benefícios isolados como terapia avulsa ou aplicativos de bem-estar não dão conta do problema. Assim, a Telavita estrutura programas corporativos que vão além do benefício tradicional de oferecer consultas. A proposta dos programas é atuar de forma integrada, combinando diagnóstico epidemiológico, prevenção primária e cuidado clínico especializado em psicologia e psiquiatria, com disponibilidade rápida de atendimento e corpo clínico altamente qualificado.

A NR-1 pode ajudar a transformar a cultura das organizações? Como?

Pedro Shiozawa: Sem dúvida, a NR-1 ajudará nessa transformação cultural. Ao estabelecer que a saúde mental deve ser tratada com a mesma seriedade que a segurança física, a norma rompe com barreiras históricas e enfrenta um tema ainda cercado de estigma em nossa sociedade. O simples fato de estar normatizada já amplia a atenção para a prevenção do adoecimento e a promoção de boas práticas de bem-estar emocional.

Na prática, a regulamentação leva líderes e gestores a repensarem o cotidiano. Isso abre espaço para uma cultura organizacional baseada em diálogo, respeito e cuidado, em que proteger as pessoas deixa de ser apenas discurso e passa a ser uma exigência formal. A longo prazo, essa mudança de mentalidade fortalece o engajamento, reduz afastamentos e contribui para ambientes de trabalho mais saudáveis e sustentáveis.

Mais do que cumprir uma norma, a NR-1 abre caminho para empresas construírem ambientes saudáveis e sustentáveis.

Para mais informações, acesse:
www.telavita.com.br