O Brasil está em estágio inicial de desenvolvimento e implementação de ferramentas de inteligência artificial na saúde. A conclusão é do estudo “Inteligência artificial na saúde: diagnóstico qualitativo sobre o cenário brasileiro”, lançado pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). Com o objetivo de reconhecer as principais questões na agenda atual da IA aplicada à área no país, a pesquisa, conduzida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br / NIC.br), fez um mapeamento inédito das ideias emergentes, preocupações e expectativas sobre o tema.
A partir de uma abordagem exploratória, foram investigados as oportunidades, riscos e desafios para o aproveitamento do potencial dessa tecnologia no setor. Para isso, o estudo entrevistou gestores e especialistas da academia e de centros de pesquisa, do poder público, de empresas e estabelecimentos de saúde (públicos e privados), além de profissionais de saúde que usam essas tecnologias no atendimento a pacientes.
O estudo também coletou informações sobre iniciativas e práticas em andamento em diferentes segmentos da saúde, e opiniões sobre gestão de dados, segurança da informação, ética, regulação, entre outros temas relevantes para essa discussão.
“Identificamos que há um intenso debate sobre a IA no campo da saúde no Brasil, e que o ecossistema desfruta de muito otimismo em relação aos benefícios potenciais dessa tecnologia”, resume Graziela Castello, coordenadora de estudos setoriais no Cetic.br e responsável pela pesquisa.
Os principais avanços citados pelos entrevistados incluem o uso da IA para melhorar processos de assistência médica e gestão, com ênfase na ampliação da eficiência e na redução de custos. “Apesar do entusiasmo, o entendimento geral é que o país está apenas engatinhando nessa jornada”, completa Graziela.
Oportunidades
Em relação às potencialidades da IA, os entrevistados destacaram três eixos principais de oportunidades: melhorias para pacientes, profissionais de saúde e prestadores de serviços.
Para os pacientes, a inteligência artificial pode ampliar o acesso aos serviços de saúde e melhorar a precisão diagnóstica. Para os profissionais de saúde, essa tecnologia é capaz de reduzir processos burocráticos, otimizar o tempo gasto em tarefas administrativas e oferecer apoio na tomada de decisões clínicas, promovendo diagnósticos mais rápidos e precisos, além de ampliar a capacidade de atendimento em regiões com escassez de especialistas.
Em relação aos prestadores de serviços de saúde, as ferramentas de IA podem trazer, tanto no setor público quanto no privado, eficiência operacional, otimização de recursos e melhoria nos processos de gestão, logística e atendimento.
“A IA é percebida como uma ferramenta capaz de promover melhorias significativas em diversos aspectos da saúde no Brasil, desde a gestão operacional até o cuidado clínico, com benefícios tanto para os profissionais da área quanto para os pacientes e a sociedade como um todo”, comenta a coordenadora.
Ainda segundo a pesquisa, esse potencial também pode servir para o enfrentamento das desigualdades na oferta de saúde, “ampliando acesso aos serviços e reduzindo o impacto da escassez de recursos em regiões mais desfavorecidas do país”.
SUS
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi apontado como o grande diferencial brasileiro em relação à obtenção de dados, por contar com volume e diversidade suficientes para o desenvolvimento de algoritmos e aplicações robustas e confiáveis.
“É muito forte a percepção de que há um grande potencial de uso da IA no sistema público de saúde brasileiro graças ao SUS e às suas bases de dados de abrangência nacional. Os dados coletados pelo SUS são de enorme valor, considerando a capilaridade e a escala do sistema, e a diversidade da população brasileira. Representarão um passo importante em direção à integração de dados, caso sejam tratados e preparados para essa finalidade”, reforça a pesquisa.
Os entrevistados avaliaram ainda que a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), plataforma de interoperabilidade do governo federal, tem um grande potencial em promover a troca de informações e criar um ambiente propício para o desenvolvimento e a aplicação da IA no setor. A condição fundamental para que isso aconteça, conforme os atores ouvidos, é que os dados sejam de qualidade, e não apenas em grande volume, o que implica a importância de protocolos e rotinas que assegurem, entre outros elementos, a padronização de informações de saúde.
Desafios
Entre os desafios apontados pelos entrevistados, estão a falta de uma estratégia nacional organizada e centralizada para incentivar a IA na saúde e questões regulatórias e deficiências na qualidade e na integração de dados, que são o principal insumo das tecnologias de IA.
A evolução da IA na saúde brasileira é percebida como desigual, com o setor privado liderando o movimento, enquanto o setor público lida mais com processos internos e enfrenta escassez de recursos.
As principais lacunas apontadas são relacionadas à qualidade dos dados e à falta de regulação específica. Na avaliação dos grupos ouvidos pela pesquisa, superar essas barreiras é fundamental para o avanço da IA aplicada à saúde no Brasil.
Riscos
Entre as preocupações apresentadas em relação ao uso da inteligência artificial na saúde, uma questão destacada na pesquisa foi a privacidade e a segurança dos dados dos pacientes. Os entrevistados apontaram o risco de vazamento de informações sensíveis, considerando a possibilidade de aplicação inapropriada dos dados utilizados ou gerados pelas ferramentas de IA.
Já a discussão sobre os direitos dos usuários dos sistemas de saúde apresentou limitações, enfatizando a necessidade de educação digital para promover uma compreensão dos benefícios da tecnologia.
“Para mitigar os potenciais riscos do avanço da IA na saúde, é preciso que haja transparência nas decisões que embasam a construção das ferramentas, estrutura clara de governança para avaliação de riscos e desenvolvimento de algoritmos livres de vieses, a fim de que produzam resultados confiáveis, de acordo com os entrevistados”, destaca o estudo.
Práticas em andamento
O estudo também investigou práticas e usos de IA em saúde que já estão em andamento nos quatro segmentos analisados: academia, equipamentos de saúde, poder público e mercado. O intuito foi apresentar um panorama amplo do cenário atual brasileiro em relação à aplicação dessa tecnologia no setor.
De maneira geral, as iniciativas visam otimizar processos de gestão e aprimorar a qualidade do cuidado. Cada esfera tem seus focos específicos. Na academia, destaca-se o desenvolvimento de algoritmos com ênfase na diversidade populacional brasileira e na correção de vieses algorítmicos, pois podem ter implicações sociais nocivas. No mercado, há um foco na IA generativa para criar produtos variados, como chatbots para atendimento ao paciente, além de ferramentas para otimizar diagnósticos por imagens. No poder público, a digitalização e a interoperabilidade de dados estão no centro. Já nos equipamentos de saúde, há uma ênfase em projetos diversos para assistência ao diagnóstico e à gestão.
“As similaridades e as divergências observadas entre as iniciativas ilustram as potencialidades das ferramentas e as dificuldades no desenvolvimento e implementação”, conclui Graziela Castello.
______________________________
O estudo “Inteligência artificial na saúde: diagnóstico qualitativo sobre o cenário brasileiro” foi realizado pelo Cetic.br, em parceira com o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). Ele integra a publicação “Inteligência artificial na saúde: potencialidades, riscos e perspectivas para o Brasil”, apresentada no 1º Seminário do Observatório Brasileiro de Inteligência Artificial (OBIA).
Para fazer o download do estudo na integra, acesse: https://cetic.br
______________________________
Avanço das healthtechs na América Latina
O mercado de startups de saúde na América Latina registrou um crescimento de 37,6% nos investimentos em 2024, alcançando US$ 253,7 milhões, comparados aos US$ 184,3 milhões de 2023, revelam os dados do “Relatório HealthTech Recap”, lançado pelo Distrito em parceria com a ABSS – Associação Brasileira de Startups de Saúde e Healthtechs. Apesar da redução no número de deals – foram 56 em 2024, contra 71 no ano anterior –, o aumento no volume de capital reflete a preferência dos investidores por startups mais maduras e com soluções inovadoras.
Os dados demonstram plena liderança brasileira no setor. O Brasil concentra 64,8% das healthtechs investidas, seguido pelo México, com 16,2%, Argentina (5%), Colômbia (4,4%) e Chile (3,9%). Entre as maiores rodadas do ano, quatro são brasileiras e uma mexicana: a Amigo (Gestão e PEP), que recebeu uma rodada série B de US$ 33 milhões; a Mevo (Gestão e PEP), com uma série B de US$ 20 milhões; a Beep (Diagnóstico), com uma série D de US$ 17 milhões; a Escala (Gestão e PEP), que captou US$ 12 milhões em uma série A; e a Eden (IA e Data), que levantou US$ 10 milhões em uma série A.
“O mercado de Venture Capital mantém sinais de recuperação, o que se reflete diretamente no segmento de healthtech. Estamos atentos a esse movimento e observamos o avanço dos investimentos, mostrando uma retomada gradual. É notável ver startups mais maduras avançando para rodadas em estágios mais elevados, agora com maiores criticidade e confiança em seus modelos de negócio. Essa evolução demonstra que investidores estão cada vez mais seletivos, valorizando empresas capazes de mostrar resultados concretos e escalabilidade”, destaca Gustavo Gierun, CEO e cofundador do Distrito.
O executivo reforça que o Brasil concentra 64,8% das startups de saúde da América Latina e continua a liderar o setor, que avança com modelos de negócios voltados à eficiência e à acessibilidade, com a IA no centro do core business. Esse domínio reflete não apenas a maturidade do ecossistema nacional, mas também os avanços tecnológicos que acompanham uma demanda latente e as parcerias público-privadas que estimulam a inovação.
Os investimentos em startups early-stage (séries A e séries B) representaram 50% do volume total de capital investido entre 2014 e 2024, mas apenas 14% do número total de deals. Para Guilherme Sakajiri, diretor-executivo da ABSS – Associação Brasileira de Startups de Saúde e Healthtechs, o fato de metade do montante investido estar nas startups em early-stage indica uma tendência dos investidores em empresas com produtos já validados, em oposição às startups em estágio seed ou pré-seed.
As exigências para esse estágio são ainda maiores e está mais difícil fazer a transição do investimento seed para série A. “A dificuldade para startups early-stage captarem recursos mostra que, mesmo com soluções inovadoras, ainda é desafiador conquistar a confiança dos investidores. Isso reforça a importância das conexões e do ambiente de apoio para estas startups escalarem”, explica Sakajiri.
O ticket médio para cada estágio de investimento na América Latina entre 2014 e 2024 apresenta uma progressão clara de valores conforme o nível de maturidade das startups: anjo (US$ 0,2 milhão), pré-seed (US$ 0,4 milhão), seed (US$ 1,5 milhão), série A (US$ 7,4 milhões), série B (US$ 14,9 milhões) e série C (US$ 49,6 milhões). Outro ponto evidenciado no relatório é a baixa quantidade de empresas que conseguem chegar até as rodadas séries D em diante, o que reflete o fato de que dificilmente as startups na área da saúde conseguem escalar para fora do país ou alcançar um IPO; isso geralmente acontece na etapa de late stage.
Startups de inteligência artificial
Nos últimos cinco anos, já foram mapeadas 70 startups de IA voltadas à saúde na América Latina, um crescimento significativo impulsionado pelos avanços em deep learning, processamento de linguagem natural e computação em nuvem. Apesar desses números ainda estarem longe de representarem o potencial da tecnologia, a mudança no percentual de healthtechs utilizando IA nos últimos 2 anos, saindo de 14% para 20%, mostra que essa categoria deve ganhar cada vez mais importância.
“A inteligência artificial está transformando o setor de saúde ao integrar dados clínicos em tempo real e ampliar a previsibilidade dos tratamentos. Modelos baseados em IA têm permitido que empresas reduzam custos e aprimorem a eficiência dos cuidados, além de abrir espaço para inovações disruptivas. Entretanto, as soluções de IA ainda estão muito conectadas ao apoio de gestão das instituições de saúde, dados a maturidade das soluções e seus potenciais riscos para os consumidores finais desse setor”, ressalta Gustavo Araújo, CIO e cofundador do Distrito.
No Brasil, a telemedicina, agora integrada à inteligência artificial, tornou-se essencial, principalmente para ampliar o acesso a cuidados em regiões remotas. “O formato à distância evoluiu para um mercado mais maduro e estruturado, entregando linhas completas de cuidado remoto que melhoram a experiência dos pacientes. Soluções para saúde mental, cuidados de gestantes e condições como TEA são algumas das frentes promissoras”, explica Guilherme Sakajiri, diretor-executivo da ABSS.
Sakajiri ainda destaca a aposta da ABSS em tendências que combinam IA com experiências diferenciadas para o consumidor final: “No curto prazo, a eficiência operacional será prioridade, mas, no longo prazo, acreditamos no potencial de soluções voltadas ao paciente, que entreguem acessibilidade e personalização, principalmente usando IA generativa”.
Perfil do paciente digital no Brasil
As mulheres ainda são as que mais usam plataformas digitais para agendar serviços de saúde, mas os homens vêm utilizando cada vez mais o serviço: de 24% (2018) para 37% (2024). Em paralelo, o acesso às plataformas pelo desktop vem diminuindo, enquanto via tablet vem aumentando, e o celular reina absoluto: 84%. Nesse contexto, as cinco especialidades mais buscadas são ginecologia e obstetrícia (12%), psiquiatria (9%), dermatologia (8%), ortopedia (7%) e psicologia (7%). Esses são apenas alguns dados da 6ª edição do “Perfil do paciente digital”, que acaba de ser lançado pela Doctoralia, maior plataforma de saúde do mundo e líder em agendamento online de consultas no Brasil. O relatório, feito a partir dos dados gerados pelos mais de 20 milhões de usuários únicos/mês em 2024, busca traçar um panorama sobre as preferências e expectativas dos pacientes brasileiros em relação aos serviços de saúde.
“Conhecer o perfil do paciente digital é essencial para oferecer atendimentos mais personalizados e otimizar a gestão de consultórios e clínicas. De 2023 para 2024, houve um aumento de 53% nos agendamentos de consultas via telemedicina”, afirma José Maurício Orsolini, COO da Doctoralia. Para o executivo, esse consumidor resolve tudo online, pelo celular, buscando comodidade, praticidade e segurança validadas por outras pessoas.
O levantamento traz uma análise sobre o uso da telemedicina pelos pacientes. As especialidades de saúde mental, psiquiatria e psicologia, representaram 82% dos agendamentos de teleconsulta em 2024 na Doctoralia versus 79% no ano anterior.
Comportamento do paciente digital
O estudo apresenta insights interessantes sobre o comportamento dos pacientes: 13% preferem agendar consultas médicas aos finais de semana e 33% dos agendamentos são realizados fora do horário comercial, antes das 9h e depois das 18h. Isso demonstra uma demanda crescente por profissionais que tenham agenda online disponível para que os pacientes possam fazer o agendamento em horas alternativas em qualquer dia da semana.
Já com relação ao mês, janeiro costuma ser o mais procurado para consultas médicas, enquanto dezembro é o com menos agendamentos: 236 mil em 2024 frente a 164 mil em 2023. O relatório aponta também as cidades com maior concentração de usuários: São Paulo (37,3%), Rio de Janeiro (17,8%), Belo Horizonte (7,8%), Curitiba (7,5%) e Brasília (6,1%) são as cinco primeiras.
“O estudo mostra também os critérios usados pelos pacientes para agendamento de consultas, como o número de opiniões no perfil e localização do consultório. Além disso, os usuários analisam o conteúdo do perfil, principalmente as fotos, a presença nas redes sociais, os horários disponíveis e a localização”, comenta o COO.
Para Orsolini, o estudo traz dados valiosos para ajudar profissionais da saúde a criar serviços alinhados às necessidades dos pacientes. “Espero que essas informações sejam úteis para aprimorar o atendimento e tornar a experiência em saúde mais eficiente e humanizada. Afinal, compreender as preferências do paciente é um grande diferencial para melhorar sua experiência, fortalecer a fidelização, reduzir conflitos e destacar o profissional no mercado”, conclui.
Percepção dos médicos
O Medscape realizou a pesquisa “Os médicos e a inteligência artificial – Brasil (2024)”, com 1.279 médicos de diversas especialidades que exercem a profissão no país. Entre as especialidades que mais se beneficiam com essas inovações, a radiologia e o diagnóstico por imagem lideram, com 39% dos médicos destacando o uso da IA para facilitar a análise de exames e reduzir erros. Em segundo e terceiro lugar, estão a clínica médica (8%) e a oncologia (6%), que também estão incorporando a IA em suas práticas, especialmente no desenvolvimento de tratamentos específicos e diagnósticos mais precisos.
Entre os profissionais que atuam em consultório, 54% disseram ter um baixo nível de conhecimento sobre inteligência artificial, enquanto 52% dos médicos que trabalham em hospital também reconheceram um entendimento limitado do tema. Apesar disso, 59% dos entrevistados afirmaram que consideram muito relevante aprender sobre IA, com uma leve preferência dos homens (9%) em relação às mulheres (4%).
Embora a IA seja vista como uma ferramenta poderosa, o levantamento revelou preocupações quanto ao uso da tecnologia para autodiagnóstico. Cerca de 83% dos médicos acreditam que há uma alta probabilidade de que os pacientes recebam informações incorretas ao usarem a inteligência artificial com essa finalidade. Desses, 53% acham “provável” e 30% consideram “muito provável” que esses equívocos ocorram.
“Essa percepção reflete um receio de que a inteligência artificial, sem a devida supervisão humana, possa induzir pacientes ao erro e comprometer a qualidade dos cuidados.”, comenta Leoleli Schwartz, editora sênior do Medscape em português. A inquietação se estende, ainda, à confiança excessiva nas respostas geradas pela IA, com 45% dos médicos “muito preocupados”, temendo que os pacientes possam dar mais valor às recomendações da tecnologia do que à experiência médica tradicional (35% se declararam “um pouco preocupados”). Outra questão relevante levantada pela pesquisa é o potencial da IA em reduzir ou aumentar o risco de negligência médica. A maioria dos médicos (52%) acredita que a IA pode, de fato, diminuir o risco de erros clínicos, graças à sua capacidade de processar grandes volumes de dados e fornecer análises rápidas e precisas. No entanto, 34% dos participantes expressaram a preocupação de que o uso inadequado da IA possa aumentar o risco de negligência, especialmente em mãos de profissionais mal preparados.
O levantamento também destaca um otimismo cauteloso entre os médicos brasileiros quanto ao futuro da IA na medicina. Entre os entrevistados, 65% afirmaram estar “entusiasmados” ou “muito entusiasmados” com o potencial da IA para transformar a prática médica. Contudo, 35% disseram sentir apreensão, com uma leve diferença entre as gerações: 67% dos médicos mais jovens expressaram entusiasmo em comparação a 65% dos médicos mais velhos. Além disso, a maioria reconhece o valor da IA em áreas administrativas e diagnósticas, mas há uma resistência considerável quando se trata de interação direta com os pacientes. Para garantir que a IA seja uma aliada na prática médica, 80% dos médicos com menos de 45 anos apoiam a supervisão por agências públicas e associações médicas, enquanto 67% dos médicos mais velhos compartilham dessa visão.
Investimento em novas tecnologias
A inovação é a chave para o sucesso no setor de life sciences, com os CEOs intensificando investimentos em novas tecnologias, digitalização e IA para impulsionar o crescimento. Essas são algumas das conclusões da “Pesquisa CEO Outlook: Life Sciences”, conduzida pela KPMG com 120 CEOs do setor de life sciences de 11 países e territórios, representando organizações com receitas superiores a US$ 500 milhões.
Sobre IA generativa, 60% dizem que esta é a prioridade principal de investimento. Além disso, 58% estão investindo mais em novas tecnologias do que em novas habilidades e competências da força de trabalho. Mais de três quartos deles também dizem que a IA ajudará a criar vantagens competitivas em um futuro próximo, e 77% esperam ter retorno sobre investimentos nos próximos cinco anos.
Perguntados sobre os principais benefícios esperados com a implementação da IA generativa em suas empresas, eles responderam: novas oportunidades de crescimento; aumento de eficiência e produtividade automatizando operações rotineiras; aumento da inovação; alta da lucratividade, diversidade de habilidades e competências. Um dado adicional é que 70% desses executivos consideram que o ritmo do progresso das regulamentações da IA será um obstáculo.
A pesquisa revelou também que a maioria (79%) dos CEOs do setor de life sciences estão confiantes em relação às perspectivas de crescimento de suas empresas, um aumento de 10% em relação ao índice do ano passado.
“Estamos em uma era de inovação sem precedentes. Muitas empresas estão avançando na medicina de precisão e no diagnóstico de doenças. Ao mesmo tempo, o setor é um ecossistema diverso com organizações farmacêuticas globais e laboratórios com forte presença regional. Há ainda startups e unidades respeitadas de pesquisas em biotecnologia. As conclusões da nossa publicação evidenciam como os líderes estão transformando modelos operacionais e de negócios para atingirem seus objetivos estratégicos. Nesse ambiente, eles precisarão permanecer ágeis, tomar decisões ousadas e agir com integridade”, afirma Gustavo Vilela, sócio-líder do setor de healthcare & life sciences da KPMG no Brasil.
Cibersegurança no Brasil
A IBM publicou o relatório “Cost of a Data Breach”, revelando que o custo médio por violação de dados em 2024, no Brasil, foi de R$ 6,75 milhões, à medida que as violações se tornam mais disruptivas e aumentam ainda mais as demandas para as equipes de cibersegurança. As empresas de saúde e serviços experimentaram as violações mais caras entre os setores no Brasil, com custos médios de R$ 10,46 milhões e R$ 8,82 milhões, respectivamente. Os ataques de phishing foram o vetor mais comum, representando 16% de incidentes e custando uma média de R$ 7,75 milhões por violação.
O relatório também aponta que a inteligência artificial (IA) desempenha um papel crucial na redução do impacto das violações para as organizações no país. As descobertas mostram que 31% das empresas brasileiras estão, agora, implantando a segurança impulsionada por IA e automação extensivamente a fim de prevenir e combater as violações, em comparação com 23% em 2023 – o que levou a uma redução de custos e duração. De fato, as organizações com uso extensivo de segurança impulsionada por IA e automação tinham violações que eram 72 dias mais curtas e que custaram R$ 2,17 milhões a menos, em média, na comparação com as empresas que não usavam essas tecnologias.
O relatório chamou a atenção para a importância do armazenamento e da gestão adequada dos dados. No Brasil, 47% das violações envolviam dados armazenados em vários ambientes. Essas violações custaram mais de R$ 7,29 milhões, em média, e levaram mais tempo para serem identificadas e contidas (355 dias).
Ainda de acordo com o relatório, os principais fatores que ampliaram os custos de violação foram a complexidade dos sistemas de segurança (em R$ 615.296) e a escassez de habilidades dos times (em R$ 535.368). Por outro lado, os fatores que ajudaram a reduzir custos de violação de dados no Brasil foram a inteligência para ameaças (em R$ 631.372), a implementação de insights impulsionados por IA e machine learning (em R$ 613.558) e os planos/testes de resposta a incidentes (em R$ 524.422).
“Muitas organizações estão percebendo que suas pegadas digitais estão cheias de complexidades e incógnitas. E, infelizmente, as companhias experimentam isso da maneira mais dura, quando seus dados são vítimas de uma violação”, diz Nicolas Mucci, líder em serviços de cibersegurança para a IBM América Latina. “Com quase a metade das violações no Brasil envolvendo dados armazenados em ambientes distribuídos – que podem ser complexos de proteger –, está claro que as organizações estão lutando para acompanhar a explosão de dados. No entanto, a IA pode ajudar. Ao integrar segurança impulsionada por IA e automação, as empresas podem reduzir o impacto financeiro e o risco de interrupção de negócios causados pelas violações”, conclui.
Faça o download gratuito da edição 29 e confira todas as matérias da edição.
Anúncios, cases de produtos e serviços e informações sobre as próximas edições,A Medicina S/A é a mais importante revista de negócios, gestão e liderança do setor médico-hospitalar no Brasil. Com alto padrão editorial, nosso conteúdo apresenta os mais recentes e importantes avanços em Inovação, Tecnologia e Boas Práticas em Saúde. Compartilhamos a visão de empresas, instituições e profissionais que estão transformando o mercado de healthcare.
Nós e os nossos parceiros armazenamos ou acedemos a informações dos dispositivos, tais como cookies, e processamos dados pessoais, tais como identificadores exclusivos e informações padrão enviadas pelos dispositivos, para as finalidades descritas abaixo. Poderá clicar para consentir o processamento por nossa parte e pela parte dos nossos parceiros para tais finalidades. Em alternativa, poderá clicar para recusar o consentimento, ou aceder a informações mais pormenorizadas e alterar as suas preferências antes de dar consentimento. As suas preferências serão aplicadas apenas a este website.
Estes cookies são necessários para que o website funcione e não podem ser desligados nos nossos sistemas. Normalmente, eles só são configurados em resposta a ações levadas a cabo por si e que correspondem a uma solicitação de serviços, tais como definir as suas preferências de privacidade, iniciar sessão ou preencher formulários. Pode configurar o seu navegador para bloquear ou alertá-lo(a) sobre esses cookies, mas algumas partes do website não funcionarão. Estes cookies não armazenam qualquer informação pessoal identificável.
Estes cookies permitem-nos contar visitas e fontes de tráfego, para que possamos medir e melhorar o desempenho do nosso website. Eles ajudam-nos a saber quais são as páginas mais e menos populares e a ver como os visitantes se movimentam pelo website. Todas as informações recolhidas por estes cookies são agregadas e, por conseguinte, anónimas. Se não permitir estes cookies, não saberemos quando visitou o nosso site.
Estes cookies permitem que o site forneça uma funcionalidade e personalização melhoradas. Podem ser estabelecidos por nós ou por fornecedores externos cujos serviços adicionámos às nossas páginas. Se não permitir estes cookies algumas destas funcionalidades, ou mesmo todas, podem não atuar corretamente.
Estes cookies podem ser estabelecidos através do nosso site pelos nossos parceiros de publicidade. Podem ser usados por essas empresas para construir um perfil sobre os seus interesses e mostrar-lhe anúncios relevantes em outros websites. Eles não armazenam diretamente informações pessoais, mas são baseados na identificação exclusiva do seu navegador e dispositivo de internet. Se não permitir estes cookies, terá menos publicidade direcionada.
Visite as nossas páginas de Políticas de privacidade e Termos e condições.